Se você está desenvolvendo uma tecnologia realmente inovadora, o programa PIPE da FAPESP é um dos melhores mecanismo de apoio, pois concede até R$ 1,2 milhões por projeto na forma de recursos não-reembolsáveis (chamados também de fundo perdido ou subvenção). Elaboramos um rápido passo-a-passo para aqueles que queiram participar dessa oportunidade.
Etapas para submeter seu projeto no PIPE da FAPESP
Passo 1: Verificar se o projeto e empresa tem aderência ao programa
A FAPESP só aprova projetos que tenham como diferencial pelo menos três elementos: tecnologia realmente inovadora do ponto de vista técnico; um potencial comercial relevante; e uma equipe com boa escolaridade e histórico bem sucedido em pesquisas anteriores.
A tecnologia a ser desenvolvida deve apresentar um claro avanço no estado-da-arte na área em questão. Além disso, o projeto deve gerar algum conhecimento novo (definição de pesquisa). O PIPE foi feito para apoiar pequenas empresas e empresas nascentes. Por pequenas empresas entenda-se aquelas com até 250 funcionários (esse é o critério FAPESP). É possível pleitear o recurso mesmo sem ter uma empresa constituída.
Naturalmente, ainda sim é necessário demonstrar que a equipe tem capacidade de posteriormente levar a tecnologia ao mercado de forma bem sucedida.Há também como requisito que a pesquisa seja realizada no Estado de São Paulo. Já aprovamos projetos cuja pesquisa está sendo realizada pela filial em São Paulo, ao passo que a matriz fica em outro Estado.
Passo 2: Definir a fase do programa
O PIPE possui três fases (I, II e III). Se o seu projeto de pesquisa está em estado muito inicial, recomenda-se submetê-lo à Fase I. Esta é voltada para apoiar projetos que estão em estado de comprovação da viabilidade técnica, e concede até R$ 200 mil reais para um projeto com até 9 meses de duração.
Caso sua tecnologia já tenha a viabilidade técnica comprovada, a Fase II do PIPE é a ideal. Ela é voltada para transformar e amadurecer uma tecnologia em estado inicial até torná-la um protótipo de produto ou tecnologia com potencial de comercialização. A Fase II concede até R$ 1 milhão para um projeto com duração de até 24 meses.
A fase III é realizada periodicamente em editais separados, sendo essa chamada aberta apenas para fases I e II. Na fase III a empresa vai realizar o desenvolvimento do protótipo ou tecnologia para torná-lo um produto comercializável e industrializável. Cada edital tem suas regras específicas na fase III, podendo se limitar a algum setor industrial, definir os valores limites por projeto, entre outros.
Passo 3: Definir o pesquisador responsável
Escolhida a fase do programa, é necessário definir quem será o pesquisador responsável junto à FAPESP. O pesquisador responsável será o elemento chave para orientar os bolsistas e para garantir que a pesquisa seja realizada, tendo seus desafios e riscos tecnológicos superados.
Ele é o elemento mais importante na análise pela FAPESP, o que significa que grande parte das chances de aprovação do projeto está baseada na análise de seu currículo, expertise e capacidade de levar a cabo a pesquisa até o fim, superando os desafios apresentados. Deste modo, é necessário que a pessoa escolhida tenha um histórico sólido de P&D anteriores na área.
Também é recomendado, embora tenhamos projetos aprovados que não obedecem essa regra, que o pesquisador responsável tenha pelo menos um mestrado (idealmente doutorado). Mas uma boa experiência profissional na área é levada em consideração pela FAPESP.
Passo 4: Montar o projeto de Pesquisa
O projeto de pesquisa é o documento mais importante do pleito. Nele é necessário enfatizar o potencial da tecnologia em relação ao estado-da-arte da ciência naquela área de atuação, como os problemas apresentados são atendidos pelas soluções existentes, bem como demonstrar qual a finalidade e o uso da tecnologia a ser criada.
Outros elementos para os quais se deve ter critério ao elaborar é o cronograma e o plano de atividades dos bolsistas, se houver pedido de bolsas. Neste caso, é importante justificar tanto a necessidade de ter o expertise necessário do bolsista no projeto, bem como embasar que suas atividades no projeto são compatíveis com o tempo de bolsa solicitado.
Passo 5: Montar o Plano de Negócios
O plano de negócios só é requisitado no PIPE fase II e III. Embora um pouco menos relevante que o Plano de Pesquisa, o objetivo do plano de negócios é provar que há uma relevância comercial para o que está sendo pesquisado, ou seja, que o novo produto ou serviço criado terá um impacto significativo em seu mercado.
Além disso, é importante mostrar que a empresa fez a sua lição de casa e tem ciência do contexto de mercado na qual ela e sua tecnologia se encontram. Assim, itens como uma análise SWOT da empresa, bem como a comparação com tecnologias e produtos similares e substitutos são imprescindíveis para corroborar a importância do projeto para o mercado.
Outra parte essencial é garantir que haja viabilidade financeira no que irá ser produzido e posteriormente comercializado, demonstrando todos os investimentos, receitas, custos e despesas ao longo a exploração comercial do produto, demonstrando a sua viabilidade.
Se o seu projeto for o desenvolvimento no Brasil de uma tecnologia existente no exterior, há de se tomar o cuidado de não embasar a argumentação apenas no fato de que o preço será menor por ser produzida localmente. Empresas estrangeiras podem baixar o preço devido à concorrência, ou mesmo fazer dumping no seu produto, o que tira parte da atratividade comercial do projeto.
Passo 6: Orçamento e cronograma físico financeiro
Na determinação do orçamento é que se indica aonde será utilizado o recurso financeiro. Aqui é importante observar que o programa somente financia: material de consumo, material permanente, serviços de consultoria especializada e bolsas. O PIPE fase I e II não subvenciona salários de qualquer natureza, o que pode ser um entrave para empresas que queiram financiar a sua equipe existente de P&D.
Deve-se também justificar o porquê do projeto necessitar de serviços de terceiros, equipamentos etc, bem como apresentar três orçamentos (cotações) de tudo em consonância com a lei de licitações. Cuidado na hora de apresentar os orçamentos, que devem ser estritamente idênticos. Naturalmente, a menor cotação deve ser a escolhida. Atente também ao valor total dos itens orçados, para não extrapolar os limites do programa e ter o projeto eliminado.
Já o cronograma físico financeiro deve mostrar os gastos do projeto ao longo do tempo. Neste caso, não há que se preocupar se a maior parte dos dispêndios ocorrerem no começo, pois isto é normal, uma vez que nessa fase se monta a infraestrutura do projeto. Idealmente, todas as atividades e recursos humanos envolvidos no projeto devem ser indicados, além dos entregáveis que ocorrerão ao longo da pesquisa, detalhando sua metodologia para alcançar os objetivos propostos no projeto.
Passo 7: Elaborar documentos auxiliares
Além dos documentos acima descritos, a FAPESP solicita alguns documentos auxiliares, como formulário do projeto e da equipe, resumo em inglês, justificativa de orçamento etc. É importante não se perder na elaboração de todo o material para a FAPESP, que é grande, pois em programas desse tipo um pequeno erro, como esquecer do contrato social da empresa, pode significar eliminação sumária.
Caso queira mais informações, dicas, ou orientação de como aprovar o seu projeto, não hesite em nos contatar ou ler mais sobre o PIPE em nosso blog.